Projeto ArboreSer semeia esperança e cidadania

A veterinária Simone Scarpin de Sá nasceu em São Paulo e mora em Ribeirão Preto. Desde novembro do ano passado, ela tem um propósito pessoal: ajudar a plantar e a cuidar de árvores semeadas pelo projeto ArboreSer – do qual é voluntária. No dia 29 de julho, ela foi um dos cerca de 40 voluntários que participaram da manutenção da Praça Carambola, no Jardim Nova Aliança, em Ribeirão Preto. A ação contou com apoio do Grupo Utam, que oficializou sua parceria com o projeto na ocasião, doando 100 quilos de borra de café e dois carros pipa para a rega. A empresa também promoveu degustação de cafés gourmets especiais para quem passou por lá, como acompanhamento dos itens doados pela Panificadora Braghetto.

Foi a primeira vez que a manutenção de uma área cultivada pelo ArboreSer recebeu a borra de café como fertilizante natural. Para Gula Biagi, idealizador e coordenador do projeto, “essa prática remonta à sabedoria popular das avós e tem eficácia comprovada, pois a borra que sobra do café coado é um excelente material orgânico”, destaca.

A tradição que o empresário menciona, praticada pelas antigas avós em seus jardins caseiros, hortas e vasos, foi passada de geração em geração de diversas famílias, chegando aos meios acadêmicos e científicos, o que já gerou pesquisas e estudos comprovados sobre a técnica.
 
O repórter Tadeu Donizete Marques da Silva, que esteve no local, lembrou com carinho do tempo em que sua avó materna juntava os netos para distribuírem o ‘pó do café’ em seus canteiros. A magia deste ritual familiar na cidade de Franca (SP) ficou em sua memória.  “Éramos oito netos. Os filhos da minha avó levavam o pó de café coado e cada neto era responsável por uma ação”, conta Tadeu, explicando que cuidavam de cerca de 100 margaridas. “Eu, como era o segundo neto mais velho, geralmente fazia uma vala em volta da margarida e uma de minhas primas jogava o pó com uma colherinha. Outra prima tampava a vala e assim por diante se repetia o processo. Cada neto tinha uma função, desde pegar a borra, jogar água, até limpar o espaço com vassoura”. Tudo sempre supervisionado pela avó, que indicava cada fase do cuidado com as plantas, lembra o repórter. 

A técnica da fertilização natural com café também surpreendeu quem passou por lá para conhecer o projeto e até os próprios voluntários, como Ricardo da Silva Côrrea, consultor comercial de uma rede de postos de gasolina. Ele conheceu o projeto há dois meses e hoje atua na oficina que funciona na retaguarda. Ricardo vinha procurando um projeto social que trouxesse novo sentido à sua vida e foi sua esposa, Andreza, quem encontrou o perfil do ArboreSer, via Instagram. “Entrei em contato com Gula Biagi e ele me colocou a par do projeto. Aí compreendi o porte da iniciativa e me encantei. O ArboreSer é um projeto organizado e estou muito contente em fazer parte. Toda vez que participo me doo o máximo. Eu procuro realmente fazer a diferença quando estou com o grupo”.
 
Ricardo e a esposa são do interior de São Paulo, ele de São Carlos, ela de Araraquara, e quando vieram morar em Ribeirão Preto estranharam o clima tão seco. “Para mim, a umidade do ar de Ribeirão é baixa, então é fundamental fazer parte do ArboreSer e buscar engajar o maior número de pessoas para que possamos criar uma legião de ArboreSeres - de pessoas engajadas no projeto, para que, no futuro não tão distante, melhore a qualidade do ar da cidade. Precisamos nos conscientizar desta necessidade”, alerta.

A voluntária Simone compartilha desta intenção de Ricardo e aposta no projeto para inspirar outras pessoas. “Com o projeto, passamos a estimular a comunidade. Não vamos lá só para plantar árvores. A gente planta, colhe o lixo no local, tenta deixá-lo da forma mais agradável possível”, conta. Durante a ação com Grupo Utam, a veterinária foi uma das responsáveis pela rega da Praça Carambola. “Eu e mais dois voluntários usamos dois caminhões pipa no local. Para essa atividade, é preciso tomar cuidado: regar todas as plantas de forma igual. É cansativo, mas no final você sai feliz, vê o trabalho sendo bem feito”, conclui.

Para Fabiana Aprile De Freitas Silveira, gerente de marketing do Grupo Utam, que esteve à frente para a concretização da parceria, o sábado foi muito gratificante para todos envolvidos. “Poder usar a borra do café, que seria jogada no lixo comum e vê-la transformada em matéria orgânica para o crescimento das mudas é uma sensação de fechar um ciclo de carinho com a terra e com o meio ambiente”. 

A gerente conta que a empresa vinha buscando uma iniciativa como a do ArboreSer para abraçar. Com a formalização da parceira, a expectativa é contribuir para envolver mais a comunidade. “O projeto nos comoveu pela seriedade e beleza de iniciativas. Além disso, queremos estimular as pessoas a usarem a borra também em suas casas ou mesmo no entorno em praças e áreas verdes coletivas”. Fabiana acrescenta que, fazer parte do projeto é devolver à população o apreço que o Grupo Utam recebe de seus consumidores e contribuir para ter uma cidade mais arborizada.

Para a diretora do Grupo Utam, Ana Carolina Soares de Carvalho, que também participou da ação, poder vivenciar todo o esforço feito por voluntários e também por colaboradores da empresa foi uma experiência de vida. “Estar aqui e conhecer de perto todo o trabalho desenvolvido pelo ArboreSer nos trouxe esperança de que é possível transformar o meio urbano em um espaço de acolhimento e bem-estar”, conclui.

Participação aberta

Qualquer pessoa pode participar do projeto, que é totalmente voluntário. Basta entrar em contato pela rede social do projeto: @arboreser.rp. Aos interessados em doar borra de café ou atuar como voluntário, basta acompanhar a agenda de atividades do grupo.

Publicado em: 03/08/2023 por Café UTAM S.A.